sexta-feira, 27 de março de 2009

10º SEGUNDO


Marian Bantjes é uma designer, ilustradora, tipógrafa e escritora canadiana, e pelo que se pode perceber pelo seu currículo, uma mulher tremendamente ocupada. Os seus trabalhos, nas diversas áreas gráficas que domina, são de um detalhe impressionante, embora construídos a partir de elementos simples, como linhas, sombras e letras.

O seu
site é uma espécie de diário do que vai fazendo, e mostra-nos que a senhora já atingiu um patamar de reconhecimento assinalável. Basta ver quem são os seus clientes habituais...







quarta-feira, 25 de março de 2009

10º PRIMEIRO

Para não perder o andamento, cá vai mais um óptimo exemplo do que se consegue com a devida dose de harmonia entre música, animação e, lá está, os tais elementos da comunicação visual (acho que me ando a repetir...).

O genérico inicial de "Kiss Kiss Bang Bang", quase tão brilhante quanto o anterior aqui publicado.

DÉCIMO



Quantas são ainda as pessoas para quem um filme só começa realmente após o genérico inicial ter terminado? Quantas vezes só temos silêncio absoluto na sala de projecção após estes pouco mais de dois minutos? Dois minutos que são na verdade o início do filme e que muitas vezes nos lançam pistas sobre o que vamos ver, que nos contam a história antes ainda de algum actor aparecer no grande ecrã e que, na maior parte das vezes e se estivermos atentos, podem até revelar que afinal o assassino não é - perdoe-me a Agatha Christie - o mordomo.

O genérico inicial é a primeira aproximação ao filme que estamos a ver. São as suas primeiras imagens, os seus primeiros sons. Pode muito bem ser um objecto plasticamente diferente do que se lhe segue, mas nunca lhe é totalmente indissociável. Pode mesmo ser considerado já como um género em si - há inclusive galardões que premeiam os realizadores destes pequenos filmes-dentro-de-filmes - mas obedece sempre a uma lógica narrativa, mais do que a uma vontade ou liberdade estética.

Quem realiza um genérico inicial é por definição merecida um artista plástico. Um artista que tem de perceber a história que se quer contar e saber como abordá-la ligeiramente, sim, mas também de forma a cativar os mais empedernidos e aumentar as expectativas do público. Um bom genérico prende o público desde os seus primeiros segundos. Um genérico realmente efectivo faz o público salivar pelo que está para vir, e quantas vezes é esse mesmo genérico o responsável pela mudança de atitude de alguém que foi ao cinema contrariado? Alguém que subitamente se vê apanhado pelo isco lançado por aqueles dois minutinhos e que já não consege olhar para o lado, segredar alguma coisa ao ouvido da namorada, ou fazer barulho com as pipocas.

É claro, há filmes e realizadores que parecem não apostar nesta primeira sequência de imagens e sons. Alguns filmes não têm sequer genérico - alguns nem sequer necessitam, para dizer a verdade - outros têm-no mas meramente como decoração; uma bonita moldura com que enquadrar os nomes dos intervenientes naquela obra.

Tudo tem o seu espaço e tudo é, obviamente permitido. No entanto, prefiro mil vezes um genérico que tenha vida própria e que sirva até como curta-metragem da longa que se lhe segue, do que um objecto mortiço, cinzento e tremendamente aborrecido.

Assim é o maravilhoso genérico de "Catch Me If You Can", o filme de Steven Spielberg que em 2002 juntou Tom Hanks e Leonardo DiCaprio para nos contar a história verídica do maior burlão da história dos EUA, Frank Abagnale Jr. A pequena curta-metragem de animação realizada pela empresa Kuntzel and Deygas que dá início à história É a história. Em pouco mais de dois minutos - os tais dois minutinhos - ficamos a saber o que se passa, o que acontece, como acontece, quem é quem e faz o quê. Tudo a um ritmo endiabrado, divertido, quase infantil e que, lá está, prende imediatamente a atenção do espectador.

O trabalho é um exemplo magnífico - um dos melhores na área - de todos os elementos da comunicação visual que têm sido discutidos e tantas vezes exemplificados nas aulas. Linhas em movimento, muito rectas mas que terminam muitas vezes em palavras arredondadas e suaves, e que vão compondo estruturas, barreiras, muros, estradas e um sem número de outros objectos; manchas enormes de cores fortes mas pouco elaboradas e que servem quase como papel de parede para as movimentações dos «bonecos», toscos, simples e, como as linhas, também eles muito rectos. A juntar a isto tudo dois pormenores deliciosos, pequeninos mas significativos. Um, e tão a propósito do que se falou e viu na última aula, na passada sexta-feira, e que pode ser visto assim que surge o título do filme. Reparem no simples e tão eficaz efeito que uma das palavras sofre à passagem de um certo avião. O segundo, o nome dos realizadores do genérico, escondidos algures numa capa de arquivo...

Tudo isto acompanhado por (mais) uma composição brlhante de John Williams, um dos mais fieis parceiros de Spielberg e um dos maiores compositores de música ao serviço do cinema de sempre. Ao contrário daquilo a que já nos acostumou, Williams optou não por uma partitura sinfónica mas sim por pequenas peças facilmente associadas a um certo tipo de Jazz da década de 60. A banda sonora espelha bem o conteúdo do filme e, acima de tudo, a forma escolhida pelo realizador para nos contar a história de Abagnale Jr. Assim, as músicas são divertidas mas inspiram também um certo mistério; ouvimo-las e rapidamente criamos no nosso imaginário a imagem de alguém inteligente, manhoso e muito, muito ardiloso. As bandas sonoras, como os genéricos iniciais, têm também esta particularidade: têm de ser indissociáveis do objecto imagem e com ele construir um todo, lógico e coerente. Mas este é um tema que por si só merecia um artigo inteirinho.

Esta música em particular é absolutamente irresistível. Possui um ritmo incrível, bem «dedilhado», quase mecanizado e que inclusive me está, precisamente neste momento, a fazer escrever mais rápido este artigo. Como todas as trilhas sonoras de John Williams, é o acompanhamento perfeito para as imagens de Spielberg; o "mais qualquer coisa" que as transforma em algo harmonioso e que nos permite, como referi no início deste artigo, ficar agarrado ao ecrã sem conseguir desviar os olhos, segredar algo ao ouvido da namorada ou fazer barulho com as pipocas - embora eu aprecie mais uma boa dose de nachos.


terça-feira, 24 de março de 2009

NONO


Mais uma vez o uso de um elemento da comunicação visual ao serviço da música...


segunda-feira, 23 de março de 2009

OITAVO



Mais uma referência de alguém que por cá é conhecido apenas por algumas pessoas, nomeadamente pelos fãs de música da pesada. Porquê? Porque Derek Hess fez-se famoso com as ilustrações que compôs para inúmeros concertos e discos de bandas Indie, Hardcore e Heavy Metal. É muitas vezes associado a um movimento artístico conhecido por Lowbrow, que teve origem em Los Angeles na década de 70 e de que falarei aqui mais lá para a frente.
As ilustrações de Hess não são sempre fáceis ou agradáveis. No entanto é impossível ficar-lhes indiferente. O traço forte, carregado como se fosse feito com vontade de rasgar a folha, as personagens e especialmente as suas emoções, sempre pesadas, brutais, não permitem qualquer tipo de desprezo. Têm de ser vistas.







sexta-feira, 20 de março de 2009

SÉTIMO

O genérico do filme Panic Room, de David Fincher. O homem arranja sempre maneira de surpreender o público, nem que da forma mais simples possível...

SEXTO

Para falar de um designer americano absolutamente incontornável e que obviamente acaba por ser referenciado em tudo o que é livro dedicado à comunicação visual, Saul Bass. Não me vou dedicar aqui a falar da sua carreira de 40 anos e de todos os trabalhos que realizou não só para a indústria cinematográfica - e que lhe deram a fama e o reconhecimento mais do que merecidos - como também os logótipos e as campanhas publicitárias que criou. Para isso, e se quiserem espreitem aqui. Este post serve unicamente como montra para alguns dos seus trabalhos mais conhecidos e que, obrigatoriamente, passam por cartazes e genéricos que realizou para filmes de cineastas tão importantes quanto Alfred Hitchcock, Otto Preminger, Stanley Kubrick ou Martin Scorcese.

















QUINTO

Antes de partir para uma segunda e melhorada versão do artigo sobre Matisse, apeteceu-me publicar uma série de referências pessoais que considero terem algo a ver com as matérias que temos vindo a abordar nas aulas.
A primeira, ainda relacionada com os elementos visuais básicos, diz respeito ao trabalho do fotógrafo francês Denis Darzacq subordinado a um tema muito específico (e surpreendente), e que foi publicado em dois livros, La Chute e Hyper. As suas fotografias são a representação gráfica de algo que ele próprio já havia afirmado, "uma pessoa pode cair de um prédio em França que ninguém repara".
As imagens são assutadoramente reais e podem ser olhadas de dois pontos de vista distintos. O primeiro aponta imediatamente para a forma genial como Darzacq congela um movimento brutal e violento para o transformar numa coreografia de uma beleza inegável. O segundo ponto de vista remete-nos para um desse elementos da comunicação visual de que temos falado e que, ironicamente, é parado no tempo pela câmara do fotógrafo: o movimento. Sabemos todos que um corpo em queda livre atinge uma velocidade considerável. Denis Darzacq encontrou uma forma de o parar, é certo, e essa sensação é, como já referi, imediata. Contudo, as suas imagens pouco a pouco transmitem-nos uma segunda sensação; a sensação de que ali há eternamente a velocidade de um corpo que, imparável, se despenha em direcção ao solo.







segunda-feira, 16 de março de 2009

QUARTO



E para finalmente falar de Henri Matisse, um dos pintores sugeridos para o trabalho em questão.
Henri Matisse nasceu em 1869 e faleceu em 1954, e ficou rapidamente famoso pelo domínio notável das cores, reflexos e brilhos que utilizava nos seus trabalhos. Talvez por essa razão, Matisse ficou para sempre associado ao movimento conhecido como fauvismo, uma estética marcada pelo uso de cores fortes e selvagens e em muitos casos contrastantes com a realidade.

No entanto, e depois da sua carreira ter sofrido uma significativa acalmia, provocada pela saída de Paris e bem reflectida nos trabalhos dessa época, o pintor e escultor voltou a abalar o mundo das artes plásticas com um simples e no entanto influente trabalho. Um trabalho que ainda hoje é facilmente reconhecido como sendo Matisse, e que não é indiferente mesmo para aqueles que normalmente não demonstram grande interesse ou curiosidade pela pintura. Já numa fase tardia da sua vida, Matisse publicaria "Jazz", um livro com trabalhos realizados a partir de colagem de recortes em papel e acompanhados por pensamentos do seu autor e que representou na altura um tremendo sucesso, embora se tratasse de uma edição limitada.






As imagens de "Jazz" são completamente o oposto daquilo que Matisse fez na quase totalidade da sua carreira. São imagens simples, unidimensionais, desprovidas dos tais brilhos e reflexos tão reconhecidos no seu trabalho; imagens sem textura, planas, de cores básicas e de aspecto infantil, até, mas que trazem consigo a mesma quantidade de informação e de intenção, de sentido e de lógica de qualquer um dos quadros da sua fase fauvista, por exemplo.

Uma das consequências deste trabalho foi a dedicação que Matisse deu à gravura e à ilustração, nomeadamente aos desenhos a branco em superfícies negras e à litografia. Esta fase do artista francês sempre me fez lembrar o trabalho de um outro, nada relacionado com a pintura, e que a dada altura da sua carreira optou também por um caminho revolucionário e nada consentâneo com os cânones da sua arte.

Frank Miller, considerado por muitos como o maior autor de banda desenhada de
sempre, abanou o mundo da nona arte quando editou o já clássico "Sin City", aventura gráfica num preto e branco totalmente de acordo com a história, negra, pesada e influenciada pelo film noir de que Hollywood tanto gostava nos idos anos 40 e 50. Miller fugiu quase que totalmente ao uso das cores garridas e exageradas que se tornaram quase uma regra em banda desenhada - e de que já era um exímio utilizador - mas não retirou detalhe à sua obra, pelo contrário.


Cada desenho de "Sin City" é uma obra prima do pormenor, da minúcia. Como Matisse, Miller optou pelas manchas grandes de cor - apesar de ser quase só preto e branco, e do resultado ser muito próximo da fotografia com película Lith - e pelas silhuetas, apenas arriscando o pormenor como elemento definidor da própria imagem. Como Matisse, também as imagens do mestre americano são uma explosão de informação; de sentimentos, de emoções, de intenções. São imagens planas, estáticas, muitas das vezes, mas que invadem os sentidos e contam uma história mesmo sem a ajuda dos habituais balões de texto.



Mais tarde, Miller tentou com sucesso fazer o crossover entre as técnicas ancestrais de banda desenhada e aquela que desenvolveu para "Sin City". O resultado, "300", foi igualmente um sucesso à escala mundial, e colocou sem margens para dúvidas, o seu autor num patamar raramente alcançado por artistas da banda desenhada. Miller aliou as cores fortes à silhueta novamente de forma magistral, e voltou a «inventar» um género, uma técnica e uma imagem muito característica.

Para muitos esta comparação entre um génio da pintura e um da banda desenhada poderá ser um sacrilégio, uma falta de respeito ou, em última análise, um exagero. Ficam as imagens de ambos para a devida análise...

sexta-feira, 13 de março de 2009

TERCEIRO...

... e a propósito da aula de hoje.













E porque os elementos de que temos falado não foram inventados por ninguém. Existem na natureza e na vida nas cidades.

SEGUNDO...



... e porque estou à espera de esclarecer uma dúvida em relação ao comentário acerca de um dos pintores sugeridos nas aulas, apeteceu-me colocar aqui um vídeo que julgo ter muito a ver com a matéria que tem vindo a ser abordada.
Os Radiohead sempre estiveram um passo à frente no que diz respeito aos vídeos das suas músicas. Seja pela (aparente) simplicidade dos mesmos, seja pela utilização de técnicas revolucionárias, o grupo de Tom Yorke continua a ser um dos mais criativos e inovadores. Sem recorrer às grandes produções ao estilo de Hollywood, elaborados efeitos especiais, ou ecrãs croma.

No vídeo em questão, "House Of Cards", nem sequer utilizaram câmaras ou qualquer tipo de iluminação. Se quiserem, podem espreitar aqui o making of e perceber como se chegou a este resultado.

E a música, claro, faz sempre todo o sentido.



PRIMEIRO



À estranheza do nome deste blog, respondo com a admissão de culpa e/ou nabice no momento de o ter escrito e que facilmente se comprova ao olhar para o endereço lá em cima na respectiva barra. A coisa era para se chamar KARMATOONDESIGN, mas o "D", que não está perto sequer do "K", meteu-se ao barulho por culpa de uma mão esquerda que nem sempre funciona como a direita. Feridas de guerra, como diria o irascível Basil Fawlty - ou, se preferirem, John Cleese na série "Faelty Towers".


Mas enfim, depois de me ter apercebido do erro, e ainda antes de ter cedido à vontade de imediatamente o corrigir, olhei para o novo nome umas poucas de vezes e concluí que o melhor era deixá-lo como estava. As coisas são como são, e o rapaz (o título), parece-me bastante feliz assim. Para além de que elimina qualquer traço de presunção que KARMATOONDESIGN possa transportar.
Portanto, este é um blog que servirá essencialmente para depositar os trabalhos efectuados na disciplina de Design e Comunicação Visual, no âmbito da licenciatura em Ciências de Comunicação.

Quanto ao aspecto (para já) simplista do blog, garanto que não é coisa para durar. Assim que tiver tempo - entre o teatro, mais uma mudança de casa e consequentemente de vida, e as próprias aulas - faço-lhe um peeling, um face lift e uma lipoaspiração.