quarta-feira, 10 de junho de 2009

10º OITAVO



Finalmente o primeiro projecto lançado nas aulas. Aparentemente simples, foi aquele que me deu mais dores de cabeça. Não por ser demasiado complexo, ou, por outro lado, pouco interessante. Nada disso. O problema é que havia que escolher uma música a partir da qual o projecto seria desenvolvido. E para mim isso é um problema: escolher uma música.

Passaram tantas pela mesa de trabalho, ou pela minha cabeça, que já nem me lembro de metade. Radiohead, Fleet Foxes, Devendra Banhart; músicas famosas de filmes mais ou menos conhecidos, Mozart e Óperas várias. Todas me agradavam demasiado para conseguir em tempo útil escolher qual a mais indicada. Porque desde sempre as músicas rapidamente me sugeriam imagens. E porque sempre me tentei escapar àquelas explicações muito rebuscadas para coisas como filmes, músicas, pinturas ou, neste caso específico, as imagens que a nossa mente projecta, influenciada por aquilo que percepciona.

Foi somente na semana passada que consegui escolher a música a trabalhar. E de forma inequívoca. A música que deveria ter estado lá desde o início e que, por alguma razão que me ultrapassa, nunca foi sequer uma hipótese. A minha música favorita de sempre. "Take a Walk On The Wild Side", de Lou Reed. A música que sempre me imprimiu na imaginação a mesma imagem. Desde sempre, desde que a conheço, já lá vão uns bons vinte anos. Nova Iorque. Ouvir a obra-prima de Lou Reed faz-me sempre e de forma instantânea pensar na cidade que nunca dorme, na Big Apple, em NY e etc, etc. E sempre foi assim. Claro, a música fala realmente de Nova Iorque e de várias personagens que só poderiam existir lá. Mas mais do que me fazer pensar, ou lembrar de Nova Iorque, "Take a Walk On The Wild Side" É Nova Iorque. Do início ao fim.

O ritmo é Nova Iorque. O contrabaixo repetitivo, a guitarra tão tímida (ou relaxada, se preferirem), as escovas na tarola, tão jazzy, a voz de Reed e as histórias que nos conta, todas tão TriBeCa. Os violinos que entram lá mais para o meio, tão Upper West Side, as colour girls, do Harlem, sem dúvida, o saxofone, bem por cima de todos os outros instrumentos, directamente do Soho.

"Take a Walk On The Wild Side" é Nova Iorque como Nova Iorque será sempre. É o destino daquela metrópole ser assim, tão rápida, tão intensa e ao mesmo tempo tão intensamente lay low. Lou Reed soube, como bom novaiorquino, construir uma peça de música que condensa tudo o que Nova Iorque é. "Take a Walk On The Wild Side" é o perfume de Nova Iorque. Melhor, muito melhor que qualquer guia turístico, enciclopédia ou documentário.

Apaixonei-me por Nova Iorque há uns anos e sem me dar conta, ou perceber porquê. Apaixonei-me simplesmente, como nos apaixonamos tantas vezes na vida por tantas outras pessoas. Esta é a minha homenagem à cidade, mais do que um projecto da faculdade.

(A imagem no círculo está de pernas para o ar por uma razão muito simples: um dos meus irmãos, ao ver a imagem completa, pegou na folha ao contrário e disse-me "isto é uma cidade vista da rua". E tinha razão. Embora o original seja uma vista dos prédios de Manhattan, mas do céu, a verdade é que basta inverter o ângulo de visão para mudar a perspectiva das coisas e o meu irmão, sem querer, lembrou-me disso. Ainda bem.)


Imagem original








Holly came from miami f.l.a.
Hitch-hiked her way across the u.s.a.
Plucked her eyebrows on the way
Shaved her leg and then he was a she
She says, hey babe, take a walk on the wild side
Said, hey honey, take a walk on the wild side

Candy came from out on the island
In the backroom she was everybodys darling
But she never lost her head
Even when she was given head
She says, hey babe, take a walk on the wild side
Said, hey babe, take a walk on the wild side
And the coloured girls go

Doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo
Doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo
Doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo
Doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo
(doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo)
(doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo)
(doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo)
(doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo)
(doo)

Little joe never once gave it away
Everybody had to pay and pay
A hustle here and a hustle there
New york city is the place where they said
Hey babe, take a walk on the wild side
I said hey joe, take a walk on the wild side

Sugar plum fairy came and hit the streets
Lookin for soul food and a place to eat
Went to the apollo
You should have seen him go go go
They said, hey sugar, take a walk on the wild side
I said, hey babe, take a walk on the wild side
All right, huh

Jackie is just speeding away
Thought she was james dean for a day
Then I guess she had to crash
Valium would have helped that dash
She said, hey babe, take a walk on the wild side
I said, hey honey, take a walk on the wild side
And the coloured girls say